segunda-feira, 16 de maio de 2011

CARTA A JOSÉ BARBOSA JÚNIOR

Literatura de Cordel
Autor: Bob Motta

“Nordestino não é gente. Faça um favor a São Paulo,mate um Nordestino afogado”...
(a) Mayara Petruso – Paulista, estudante de “Direito”, pelo Twitter.

Natal – RN
2010


Caro Zé Barbosa Júnior,
venho in verso, lhe abraçá.
Pura defesa qui fêiz,
de nóis, do lado de cá.
Você pde, in seu recado,
mode nóis ficá calado,
uma quem num tem ação;
num respostá coisa aiguma,
num dizê pôrra ninhuma,
adispôi dessa agressão.

Se tem uma coisa, Seu Zé,
qui eu num gosto, é de bravata.
Mais lhe juro qui num tenho,
o tá “sangue de barata”.
A istudante de derêito
se ajunto aos precunceito.
Qui adispôi das inleição;
da pió fóima pussíve,
p’ru mais qui num pareça incríve,
invéigonhô a Nação.

Voirmicê qui me adiscuipe,
mais num posso me calá.
A mão de obra nordestina,
fêiz São Paulo alavancá.
Me diga, sem gaiofança:
Se num fosse a importânça,
do nordestino, meu irmão;
do matuto e sua famía,
Sumpaulo, Ríi e Brazía,
Síria o qui hoje são?

Ela nunca, cum certeza,
Leu uis cabra qui tu falô.
Nem Graciliano Ramos,
nem Zé Lins do Rêgo, sô.
Nem Ariano, qui é cumpreto,
João Cabrá de Melo Neto,
nem tombem, Mané Bandêra;
tombem nunca uviu falá,
do seu Zé de Alencá,
lhe juro, sem brincadêra.

E de Raque de Queiróiz,
e Patativa do Assaré ?
será qui Gonçaives Dias,
foi istudo dessa muié ?
Amostro mais e sem medo:
Aluizio e Arthur Azevedo,
E seu Ferrêra Gula;
Zé Lôzêro, Zé Montello,
iscrevendo o bem e o belo,
o Maranhão tem prá dá.

Zé Wilque, Luiza Tomé,
Milto Morais, Emiliano Queiróiz,
tão lá no seu apanhado,
tombem são de “lá de nóis”.
Chico Anysio, Renato Aragão,
o Tom Cavalcante, então,
e todas nossas cunquista;
e o Tiririca “arrombado”, deputado
mais votado, eleito puros “polista”.

Imagine, se tu cunhincêsse,
digo isso e num me iludo.
A obra, Baibosa Júnio,
do Mestre Câmara Cascudo.
Um cabra peitudo e forte,
do Rio Grande do Norte,
digo isso, cum o peito a mil;
Pode passá in revista,
Foi o maió folclorista,
Do nosso amado Brasil.

No meu Ríi Grande do Norte,
teve Alberto Maranhão,
tivemo Auta de Souza,
na musga, Elino Julião.
O Ferrêra Itajubá,
um poeta de lascá,
distribuindo emoção;
nóis tivemo, sim sinhô;
munta gente de valo,
paimiando o nosso chão.

Qui dizê de Jorge Amado,
o nosso iscritô eterno?
e Gregório Matos Guerra,
o populá “Boca do Inferno” ?
Inatêrço na poesia,
a nossa amada Bahia,
sem mais, taivêiz nem porém;
Mayara, tu qui se babe;
muntos duis “polista” sabe,
“o qui é qui a baiana tem”.

E a musga nordestina?
E a poesia matuta?
Mayara, é nossa curtura,
o dia a dia, a labuta.
p’ru aprauso do povão,
amostrei, chêi de emoção,
in Pinheiros, meu poema;
meu linguajá nordestino,
mais o Trio Virgulino,
aí n’O Canto da Ema.

Eu sô fã de João Bandêra,
de Valdonis, sim sinhô.
De Fagner, Duminguinho,
de Santanna, o Cantadô.
De Elba e de Zé Ramáio,
de Amazan, sem atrapáio,
Jorge de Altinho, Riva Jr., irmão;
Gogó de Aço, qui me afaga,
De Luiz Gonzaga
o nosso Reis do Baião.

Sô fã de Alceu Valença,
Da grande Ivete Sangalo,
Marinês, Genival Lacerda,
de Alcimar Monteiro, um abalo.
De seu Biliu de Campina,
qui é musga nordestina,
Trio Virgulinno, fulano;
prá essa musga raiz,
bate páima e pede bis,
todo o povo “polistano”.

E meu verso, de todo coração,
eu dedico ao forró de chão batido,
onde o fole se cala, intristicido,
Mode aguá a puêra do salão.
E esse fole, alegria do sertão,
divéição de janêro a janêro,
numa sala apertada, ô num terrêro,
retrocede uma vida in um sigundo,
faiz de ti, o mió lugá do mundo,
meu quirido nordeste brasilêro...

Autor: Roberto Coutinho da Motta
Pseudônimo Literário: Bob Motta
Da Academia de Trovas do RN.
Da União Bras. de Trovadores – UBT – RN.
Do Inst. Hist. e Geog. do RN.
Da Com. Norte-Riog. De Folclore.
Da União dos Cordelistas do RN-UNICODERN.
Da Associação dos Poetas Populares do RN-AEPP.
Do Inst. Hist. e Geog. Do Cariry-PB
Busca no Google: Bob Motta Poeta Matuto.

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