terça-feira, 12 de abril de 2011

Jeniffer Viturino. O mistério do 15.º andar

Miguel Alves da Silva, proprietário do andar de onde Jeniffer caiu, na sexta-feira, contou à mãe que lhe confessou que estava com outra pessoa


Ao pai dizia que queria ser como a Gisele Bündchen. E entusiasmava-se: "Papai, um dia vou ser modelo e vou poder te ajudar." Foi em Portugal que, aos 15 anos, Jeniffer Viturino deu os primeiros passos na moda. E foi em Portugal que, aos 17, viu o sonho de ser a nova Gisele acabar. O sonho era uma coisa, a realidade outra: era o namorado, de 31 anos, a fugir de vez, a pôr fim à relação e a confessar ter outra pessoa. E Jeniffer a chorar, esquecida do sonho que de repente não valia nada. Nas horas brancas de uma sexta-feira, no 15.o andar de um prédio, a realidade matou-a.

São cinco ou seis da manhã e Jeniffer Viturino - 1,74 m de altura, medidas 86-61-91 - escreve um bilhete numa caligrafia nervosa. "Estou cansada de sofrer, sinto-me culpada por esta relação não ter dado certo." A mãe já não consegue dizer em detalhe as palavras que a filha escreveu. A memória apenas gravou, ao pormenor, a última frase: "Peço à minha mãe que me perdoe." Jeniffer deixou o bilhete na sala. Antes do bilhete, o mistério. Depois do bilhete, o mistério até à queda do 15.o andar, no Parque das Nações, Lisboa. Os vizinhos a dormir e às 7h30, Jeniffer Viturino caída no chão da rua, os olhos mortos virados para o 15.o andar, e a morte de uma manequim (quase desconhecida) a ser notícia.

Às 12h00, Miguel Alves da Silva - o empresário proprietário do apartamento e que tinha uma relação com a manequim - pegou no telefone e ligou para a mãe de Jeniffer Viturino para lhe dar a notícia. "Fui à janela da sala e vi-a lá em baixo." Ao mesmo tempo, Miguel tentava arranjar uma explicação para o que acontecera. "Disse-me: não lhe vou mentir, ontem à noite terminei com a Jeniffer, pus um fim ao namoro e disse- -lhe que tinha outra pessoa. Fui para o meu quarto dormir, ofereci-me para a levar a casa, disse-lhe para dormir no outro quarto, mas ela disse que ficava na sala." Estas são as palavras de Miguel Alves da Silva que Solange Viturino consegue reproduzir ao i. Pelas 20h30 de quinta-feira, tinha visto a filha sair "feliz e alegre, toda coqueluche, como era costume" para ir a "um jantar de anos de uma amiga do Miguel". Na despedida, um abraço e o aviso do costume: "Não devo dormir em casa." E a promessa: "Mas amanhã vou às aulas." A par dos trabalhos como manequim, Jeniffer estava a tirar um curso técnico de engenharia.

A mãe ficou descansada: conhecia Miguel Alves da Silva, o homem de 31 anos, "reservado, mas muito educado", que aceitava convites para jantar lá em casa; o homem que, apesar de "ter relacionamentos com outras mulheres - coisa que a minha filha sabia - gostava da Jeniffer e a levava para todo o lado".

A mãe - a primeira a chegar a Portugal antes de Jeniffer e o irmão - admite que a relação entre os dois era "conturbada" - "quando eles se chateavam, ela ficava muito em baixo, mas era uma tristeza normal, no dia seguinte dava a volta por cima". Mas garante nunca ter ouvido falar de agressões ou encontrado marcas de violência no corpo da filha. Ainda ninguém da família teve acesso ao corpo da manequim, que foi autopsiado ontem no Instituto de Medicina Legal de Lisboa. O presidente do instituto, Duarte Nuno Vieira, disse ser "necessário esperar por exames complementares para tirar conclusões". Na Polícia Judiciária, onde prestou depoimento no dia da morte, a mãe ouviu que o corpo não apresentava marcas que levantassem suspeitas de homicídio.
 Fonte: http://www.ionline.pt

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